Nós, conselheiros indígenas e governamentais do Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPI/RS), estarrecidos com o brutal assassinato da jovem indígena de 14 anos, Daiane Griá Kaingang, ocorrido na Terra Indígena do Guarita neste 04 de agosto, estamos acompanhando de perto todos os desdobramentos das investigações e nos solidarizamos com o povo Kaingang e, principalmente, com a família da jovem. Um ato brutal como este nos alerta, como conselho, sociedade e governo, que nossas relações com as minorias precisam ser radicalmente reformuladas, urgindo respeito e relação digna para com os povos originários. Este caso faz saltar aos olhos um contexto de violência e intolerância contra os povos originários que vêm se intensificando nos últimos tempos em nível nacional. É papel do Estado a promoção dos direitos humanos e da plena cidadania a todas as pessoas, independente de classe, gênero e etnia. Também é dever do cidadão, a educação e o respeito humano para com os demais cidadãos, sejam indígenas, negros/as, migrantes ou quaisquer outras formas de existir. O Conselho Estadual dos Povos Indígenas do Rio Grande do Sul (CEPI/RS) manifesta total repúdio a todas as formas de violência contra os povos indígenas e estará atuando na cobrança da identificação dos envolvidos e sua pronta responsabilização. Exigimos justiça! A juventude indígena, apesar de viver à margem, imersa em crises socioeconômicas, socioeducativas e de insegurança alimentar, junto da falta de acesso às políticas educacionais, culturais, desportivas e tecnológicas, segue lutando diariamente e incessantemente para o fortalecimento e continuidade de suas culturas, são jovens guerreiros do cotidiano que merecem ter suas vidas valorizadas. Nenhuma vida indígena a menos! Que os espíritos das matas, florestas, rios e mares recebam Daiane Griá Kaingang na morada celestial. Sigamos atentos e mobilizados. Conselheiros Indígenas e Governamentais.

CEPI/SICDHAS Porto Alegre, 06 de agosto de 2021.